A Hérnia é a passagem de algum conteúdo de uma parte para outra de nosso corpo através de um orifício, sendo este um orifício ou canal de passagem natural ou devido a fragilidade de alguma parede.
No caso da Hérnia Umbilical, existe a passagem de conteúdo de dentro do abdome através de um orifício situado no umbigo. Ela é muito mais comum nas crianças, principalmente até os 7 anos de idade, e cerca de 20% dos recém nascidos tem hérnia umbilical ou abaulamento no umbigo.
Normalmente, as Hérnias Umbilicais ficam visíveis após os 15 dias, devidos às Cólicas do Lactente que aumentam muito a pressão no abdome do bebê (distensão), levando fragmentos de gordura e até partes do intestino através do orifício por onde passava o cordão umbilical, formando a bolsa herniária.
O fator da hérnia no recém nascido é o retardamento (mais comum), ou o não fechamento do anel muscular que recobria o cordão umbilical durante a passagem pela parede do abdome.
Geralmente esse fenômeno ocorre espontaneamente após o nascimento, mas em alguns bebês esse fechamento não ocorre. Com queda do cordão umbilical e consequente cicatrização do umbigo, esse orifício remanescente permite que líquidos abdominais, gordura ou o próprio intestino (raro), passem e levem a formação da “bola” ou abaulamento característico no umbigo da criança.
Apesar do aspecto visual parecer importante, na prática pouco importa se o umbigo está mais ou menos inchado, pois o tamanho da hérnia leva em conta o diâmetro do orifício e não o tamanho do saco herniário. Pode ser:
- Pequenas: menor que 1 cm = nem entra um dedo
- Médias: entre 1 e 3/4 cm = até 2 dedos
- Grandes: acima de 4 cm = mais de 2 dedos
Nessa mesma faixa etária, alguns bebês apresentam uma elevação na parte do meio da barriga do umbigo até o tórax. Esse abaulamento não é uma hérnia umbilical, mas sim uma diástese de músculo reto abdominal (vulgo tanquinho). Ela ocorre quando existe uma separação das duas porções laterais desse músculo, levando a uma zona de fraqueza no meio e a elevação da pele quando ocorre aumento da pressão abdominal (cólicas do lactente) ou pela contração desses músculos. Veja a figura ao lado, perceba que é bem diferente da hérnia.
Se a lesão for idêntica à diástese de reto mas for menor e arredondada, deve ser uma hérnia de parede abdominal que também necessita de cirurgia para a sua correção.
Quando ocorre?
Torna-se visível (presente desde o nascimento), geralmente no primeiro mês de vida, principalmente após o início das cólicas, devido a distensão abdominal pelos gases, levando a um aumento da pressão intra-abdominal que empurra líquidos abdominais, gordura ou o próprio intestino através desse orifício. Ocorre muito mais em prematuros e em crianças de origem africana.
Ao contrário do conhecimento popular, ela não é causada ou piorada pelo choro e nem pela cólica. E além disso, ela raramente causa qualquer sintoma na criança, e nunca dói.
Devo me preocupar?
De maneira alguma a hérnia umbilical deve ser motivo de preocupação para nenhum pai, mãe ou parente de criança afetada. Ela não gera nenhum desconforto à criança, nenhuma dor ou qualquer sintomatologia para 99% das crianças.
Existem apenas 3 complicações (sempre levar ao Pronto Socorro):
- Estrangulamento: quando parte do intestino fica presa, apertada no orifício, levando a redução na circulação de sangue, consequente falta de nutrientes e até a morte dessa parte do corpo. O umbigo geralmente fica arroxeado e dolorido.
- Encarceramento: quando o intestino prende parcialmente, sem sofrimento, à curto prazo, desde que ele seja retirado do orifício,
Onfalite sem Hérnia tanto por via cirúrgica ou manual. O umbigo geralmente fica arroxeado e dolorido.
- Onfalite: não é uma complicação da hérnia, mas como ocorre na mesma idade. Pode levar a inchaço no local e é grave, o ideal é ninguém confundir . A infecção do umbigo ou onfalite é muito grave, e leva a região abdominal, ao redor do umbigo, a ficar vermelha, inchada e dolorida.
Além disso, 90% das hérnias umbilicais curam espontaneamente até os 7 anos de idade.
As dores abdominais recorrente e em cólica nas crianças, principalmente acima de 2 anos de idade, ao redor do umbigo, não são causadas pela hérnia umbilical e não indicam cirurgia. A dor das complicações das hérnias umbilicais são de forte intensidade, levando a criança a parar de brincar enquanto não for medicada no Pronto Socorro.
Como é tratada?
O único tratamento corretivo é o cirúrgico. É uma cirurgia simples, apesar de ser indicada apenas no caso de complicações como estrangulamento (sempre), e encarceramento (se não resolver manualmente). Ela é feita sob anestesia. O procedimento e a recuperação é rápida, e é baixo o índice de recorrência ou sequelas. Ao contrário do procedimento dos adultos, raramente é utilizado telas na correção dessas hérnias.
A cicatriz fica geralmente na parte interna do umbigo e portanto não é visível. Na maioria dos casos, o umbigo fica esteticamente bonito, mesmo quando o saco herniário é grande ou no caso de cirurgia precoce ou tardia.
Mais de 90% das hérnias umbilicais em recém nascidos resolvem espontaneamente até os 7 anos de idade e mesmo na ausência de resolução completa, existe uma melhora importante no aspecto estético.
Aliás, a estética é o principal motivo para a cirurgia precoce de correção da hérnia umbilical, associada a incapacidade da família de esperar a resolução espontânea, presença de bulliyng (nos casos visíveis através da roupa), e na ausência de qualquer melhora até os 3 anos de idade.
Resumindo: a cirurgia deve ser feita apenas no caso de complicação, não pelo risco de complicações que é muito baixo nesse tipo de hérnia, ou no caso de estética. Na minha opinião, devemos esperar até pelo menos os 5 anos antes de qualquer correção estética.
Nunca devemos colocar faixas, moedas, esparadrapos ou qualquer outra coisa com o intuito de reduzir a hérnia umbilical. Podem trazer desconforto a criança, reduzindo a capacidade do abdome de acomodar variação na distensão característica da fase da cólica do lactente, e ainda aumenta o risco de infecção grave no umbigo secundária à oclusão ou contato do umbigo em cicatrização com objetos sujos.
Tem como prever quem vai precisar de cirurgia?
A idade média de cura está relacionada ao tamanho da hérnia:
- Pequenas: até 1-1,5 anos
- Médias: até 4 anos
- Grandes: até 7 anos
Para saber o tamanho do orifício é só empurrar o saco herniário em direção à barriga da criança e sentir o tamanho com a ponta dos dedos.
Espero que esse texto ajude muitos papais a aguentar um pouco antes de ceder ao medo e submeter seu filho, na maioria das vezes sem necessidade, à uma cirurgia.
Dr. Christian Helfstein
CRM/SP 119.947
Minha filha tem hérnia ela tem 2 anos, e de uns tempos pra cá estou achando a barriga dela inchada.
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Bom dia
Realmente precisa de cirurgia seja no caso de hérnia ou de hidrocele, ambos precisam de cirurgia.
A diferenciação é feita com uma lanterna, nem precisa de ultrassom. Se ficar bem vermelho é hidrocele e se parece que tem algo dentro do saquinho ao encostar a luz é hérnia.
Não tem o que fazer.
Abraços
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Bom dia,meu filho esta com uma hérnia no saquinho do lado direito,e esta dando colicas e muito dor. Ele tem 2 anos e 1 mês de idade,levei ele na pediatra e ela falou que é so cirurgia,pedio uma ultra som . Tem como evita essa cirugia ou meu filho tem que passar por isso
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Obrigado pelos elogios.
Esse é exatamente o objetivo do pediatria virtual
Abraços
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Muito bom o texto, melhor que os livros que li, inclusive. Parabéns.
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