O uso de repelentes tornou-se praticamente obrigatório depois das consecutivas Epidemias pelos 4 tipos de Vírus da Dengue, a chegada da Febre Chikungunya e do Zika Vírus como legados da Copa 2014, (clique para saber mais).
O transmissor é o mosquito Aedes aegypti (pretinho de bolinhas brancas nas pernas) até bonitinho se não fizesse tanto estrago. Convenhamos que a reprodução de tal depende da colaboração de uns porquinhos, que tem um verdadeiro lixão em casa ou em seus terrenos, e também das pessoas que não sabem que lugar de lixo é no lixo e não no chão, em terrenos, na rua e etc. (clique para saber mais sobre o mosquito da Dengue e outros transmissores)
Todo o Brasil quer informações a esse respeito. Infelizmente, as reportagens de televisão, jornais, revistas e na Internet são incompletas e às vezes tendenciosas. Depois de me deparar com inúmeros textos idênticos em muitos sites brasileiros, decidi escrever do jeito que gosto, cheio de exemplos.
Sou muito chato quando escrevo sobre um assunto e até meio compulsivo, por isso dei uma lida nas Recomendações Brasileira (bem mais ou menos), da Organização Mundial da Saúde – OMS, da American Academy of Pediatrics – AAP, Commitee to Advise on Tropical Medicine and Travel – CATMAT Canadense e o melhor guia brasileiro escrito por Germana Pimentel Stefani da FM-USP.
Os repelentes podem ser químicos, fabricados ou naturais. Nesse texto abordarei apenas os químicos que são os potentes e confiáveis, tendo menor variabilidade de eficácia com o uso. Eles funcionam para uma grande variedade de insetos, desde os clássicos mosquitos como o Aedes Aegypti, Culex (comum), Anopheles (malária), Phebotomus (Leishmaniose), Carrapatos (Febre Maculosa) e Moscas (Bicheira e Berne).
Para saber sobre outras medidas para reduzir as picadas sem o uso de repelentes químicos, principalmente nos bebês menores de 2 meses, leia mais aqui.
Existem os repelentes em aerossol, spray ou cremes, sendo os últimos mais confiáveis por sua aplicação ser geralmente mais uniforme, fator super importante já que o efeito dos repelentes se limita a no máximo 4 cm de distância. Ou seja, se passar repelente apenas nas bochechas, seu filho pode ser picado no nariz, testa ou orelhas.
Melhores por idade
- Menores de 2 meses nunca usam;
- 2 – 6 meses apenas em epidemias: Exposis Infantil ou SBP Kids (icaridina 10%);
- 6 meses – 2 anos: Exposis Infantil ou SBP Kids (icaridina 10%);
- 2 a 12 anos: Exposis Infantil, SBP Kids e Baruel (icaridina 10%) ou SBP Refresh (azul ou verde) longa duração;
- Adultos: Exposis, SBP ou Baruel (icaridina 20%) ou SBP Refresh (azul ou verde) longa duração;
- Grávidas: Exposis, SBP ou Baruel (icaridina 20%).
Tipos de repelentes
1 – DEET: mais antigo e utilizado no mundo, portanto o que tem mais informações disponíveis. Baixa toxicidade, grande segurança no uso, pode ser usado em qualquer criança a partir de 2 anos, apesar de alguns estudos e países também recomendarem após os 2 meses de vida em situações de epidemias.
Amamentação e Gravidez: sem evidências de risco nesses casos.
Idade: a partir de 2 meses no caso de epidemias (10%) e de 6 meses em outras situações (10-24%).
Problemas: grande variação de concentração entre as marcas, cerca de 4% – 24%, sendo que quanto maior a concentração, maior a duração do efeito. Sempre ler o rótulo e verificar a concentração, já que é o tipo de repelente mais vendido.
Duração do efeito e aplicações:
- 4% – 2 horas e 3x/dia;
- 8% – até 4 horas e 3x/dia;
- 15% – 5 horas e 2x/dia;
- 24% – até 8 horas e 1-2x/dia.
Marcas: OFF, Repelex, entre outras.
Melhor deste grupo: OFF longa duração, preferencialmente o creme pois tem concentração mais alta (24% versus 15% da loção).
2 – Icaridina: o mais recente dos repelentes, sendo um derivado da pimenta. Perfil de segurança aprovado, mas não pode ser usado em menores de 2 anos por falta de estudos desta área. Permite menos reaplicações, pois teoricamente, tem efeito por 10 horas. Tem fama de ser específico para Aedes, mas não é verdade. Existem estudos na África que demonstram que ele tem um efeito de 10 a 100% (variação alta demais para se levar a sério) mais durador no Aedes que o DEET.
Amamentação e Gravidez: seguro em abas as situações.
Idade: a partir de 2 meses no caso de epidemias (10% – não existe no Brasil) e de 6 meses em outras situações (20% – existe no Brasil).
Problemas: duração bem menor que o referido na embalagem em estudo do PROTESTE, só tem em aerossol, o que dificulta a aplicação homogênea. É difícil de encontrar e é o mais caro de todos.
Duração do efeito e aplicações: efeito de 10 horas na teoria e de menos de 6 horas na prática. Duas aplicações diárias.
Marca: Exposis, SBP e Baruel.
3 – IR 3535: o mais seguro dos repelentes para crianças acima de 3 anos para a OMS.
Amamentação e Gravidez: sem estudos para liberação.
Idade: a partir de 6 meses no caso dos produtos da Johnson e da Turma da Mônica, e 30 meses nas concentrações maiores.
Problemas: na concentração existente no Brasil, o efeito é curto, menos de 4 horas e é difícil de encontrar para comprar.
Duração do efeito e aplicações: menor que 4 horas de efeito e 3 aplicações.
Marca: loção anti-mosquito da Johnson & Johnson, uma embalagem (verdinha bem pequena) e repelente Turma da Mônica (um roxinho).
Todos tem um grande problema em relação as informações da embalagem, portanto, no fim do texto farei um resumo por idade e por princípio ativo. Mas fiquem tranquilos! Os estudos indicam que a maioria dos Pais neão leem os rótulos de repelente.
Como utilizar os repelentes corretamente
1 – Aplicar apenas nas áreas expostas. No caso do DEET e Icaridina, eles podem ser aplicados em roupas.
2 – Aplicar de forma homogênea. Repelentes protegem até 4 cm de distância de onde foram aplicados, portanto além de passar, é necessário passar em todos as áreas expostas, exceto palma das mãos, olhos e boca. Os aerossóis e sprays dão a falsa impressão de homogeneidade, por isso não indico.
3 – Não utilizar em ambientes refrigerados, pois o ar condicionado impede o voô e as picadas das fêmeas.
4 – Evitar dormir com repelentes, preferencialmente tomar banho antes do sono para retirar os resíduos do produto.
5 – Sempre aplicar o protetor solar 20 minutos antes do repelentes.
6 – Sempre ler o rótulo e seguir as orientações das embalagens, exceto quando o PediatriaVirtual.com disser que estão erradas…
Resumo por idade e princípio ativo
Dr. Christian Helfstein
CRM/SP 119.947 – Médico Pediatra – Limeira/SP
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